domingo, 12 de abril de 2009

Eu vou te contar que você não me conhece.

Seguinte, segredo, vou contar uma coisa que eu nunca contei pra ninguém, mas não por ser peluda, é porque é boba mesmo. Que seja, “eu já tô toda cagada mesmo!”.

No final de 2007 eu fiz uma promessa pra mim mesmo: “Esse ano eu vou ser misterioso, porque ser misterioso é muito sexy/hype”, até ri disso depois, quando descobri que Fernanda Torres também achava a meeeeeaaasma coisa.

Pois é, tem gente que é calado, “sussa”, “na dele” e se dá bem com todo mundo né? Tem todo aquele ar de “quem é ele?”, “de onde ele veio?”, “pra onde ele vai?”, “qual o telefone dele?”

Pessoas misteriosas sempre parecem mais interessante e também que sempre tem algo espetacular pra dizer, claro que tem gente que é calado porque é mudo ou tapado mesmo, mas pelo menos os tapados a gente saca que são tapados pela roupa que estiverem vestindo. Mas é isso, me parece que essa galera do lado negro é proibida, sei lá, tem o “chama” ta ligado?

Calei-me então.

Por mais ou menos uns três dias, era uma tortura ver que a professora usava calcinha fio dental por baixo do saião que ia até o joelho (via pela transparência do tecido branco e a tonalidade avermelhada da calcinha) e não poder comentar com ninguém, afinal isso não combinava com a porra do mistério.

Li uma vez (ou sonhei talvez) que se você mentalizar uma música que tenha alguma relação com o que você queira fazer, você consegue se sair melhor. Vamos lá então, comecei a pensar numa música de mistério: ”Eu sou um negro gato de arrepiar, essa minha história é mesmo de amargar...”, não, essa não.

Depois de muito pensar, lembrei de “Ramblin’ Man” do Mark Laneg com a Isobel Campbell; I can settle down, And be doing just fine till I hear an old freight, Going down the line…” na verdade eu nem sei o que eles queriam dizer exatamente com essa letra, mas como eu achava o clipe muito massa, achei que ela fosse a mais adequada.

Alguns dias depois eu e minha turma fomos pro Mercearia, e eu estava pronto pra usar meu lado mais misterioso, porque na minha cabeça só rolava I can settle down, And be doing just fine till I hear an old freight, Going down the line…” mas, descendo do carro eu já ouvi num volume tão alto que tremia a porta do lugar: “AGORA EU TÔ SOLTEIRA E NINGUÉM VAI ME SEGURAR...DAQUEEEELEE JEEEEEITO!!!”.

E desse jeito não tem “Ramblin’ Man” que resista né?

E foi assim, graças a esse funk tão bacana (e à calcinha fio dental da minha professora) que eu me acostumei de vez com minha condição natural de pessoa não misteriosa.

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